Eu visito a NRF desde 2013 e nestes anos pude presenciar diversas transformações e tendências no mundo do varejo. Uma delas foi a introdução do self checkout como uma verdadeira novidade, que se mostrou uma aposta para muitas empresas.
Ao longo dos anos, também acompanhei outras tendências, como o Metaverso, que, apesar de ter sido adotado por algumas empresas, acabamos não apostando tanto (hoje, vejo que nossa postura foi certeira). Aprendi, com essas experiências, a importância de filtrar as inovações e analisar cuidadosamente sua viabilidade e impacto em cada negócio. O fato é que o varejo é hostil e ao invés de pensar em uma super tecnologia, devemos primeiro fazer o básico bem feito.
Neste ano, o tema da NRF era “Construa o essencial”. Neste sentido, falaram muito de pessoas e a importância delas na gestão. Muitas empresas não dividem metas e fundamentos do que está fazendo com a equipe e é importante compartilhar isso com os colaboradores, garantindo que todos estejam alinhados e engajados no que estão construindo. No caso da RP, nosso time sabe como operamos, o que queremos e toda a nossa realidade. Justamente por entender a importância das pessoas, sempre focamos em contratar quem entende de varejo e, depois, ensinamos programação.
Portanto, não basta investir pesado em tecnologia e não investir na equipe. Existem empresas que querem dar final de semana em um resort para o seu colaborador, mas isso nem sempre faz sentido a todos os funcionários. Por isso, é importante conhecer o seu colaborador e entender a necessidade de cada um. Pode ser, por exemplo, que um funcionário esteja com avó doente e acamada, então, por que não dar uma cama especial para ela? Será muito mais útil e valioso para ele do que uma viagem em um resort.
Existem coisas que só o calor humano proporciona, mas não pensar em inovação não é mais uma opção nos dias de hoje. Por isso, acredito que devemos pensar em tecnologia com estratégia e cuidado. É fundamental estar atento a todas as tendências, mas entender a aplicabilidade delas à realidade de cada negócio. É com essa mentalidade que montamos e investimos no HIPE Innovation Center para pensar em inovação e poder agregar em nossos produtos. Também começamos a procurar empresas no mercado para fazerem parte do hub e trazerem suas soluções. Ali, podemos acelerar as ideias e temos uma incubadora para colocar o produto no mercado. Por esses motivos, a RP Info é uma empresa que não apenas fala em inovação, ela faz a inovação.
Outro assunto em alta é a utilização de dados, um movimento que começou com a indústria, que na tentativa de entender como estava a performance dentro do mercado, voltou seu olhar para o pequeno e médio varejo. Em troca de dados, a indústria oferecia a contrapartida de uma oferta diferenciada para ele conseguir competir com o preço do grande varejo. Desta forma, eles conseguem ajustar o preço que vão vender para o grande. Isso tudo veio ainda antes do CRM e segue com força.
No pós-pandemia tudo mudou muito, pois tivemos início de uma recessão e vimos alterações do que constava no cupom. E em um cenário em que a somatória de ruptura equivale a uma segunda maior rede do Brasil, é importante o varejista entender o comportamento de compra, o que não é uma tarefa fácil no dia a dia, já que não basta ter os dados, é preciso entender eles.
Antes, o varejista tinha medo de realizar certos investimentos e acabar assustando algumas categorias de clientes que poderiam pensar que ele estava mais caro. Isso mudou, pois vimos que o nível do cliente está mais elevado e a expectativa dele está muito maior. Um exemplo é que antes o perfil de consumo de vinho era diferente, mas agora o varejista está investindo para ensinar e inserir o vinho no consumo do cliente que não costumava consumir a bebida. Estamos vendo que trabalhar com mix mais especial acaba induzindo o cliente e é importante investir na experiência dele para que ele se sinta especial.
Falando em experiência do consumidor, é preciso entender o movimento do e-commerce, que ficou muito forte durante a pandemia, já que antes as pessoas não entendiam direito e duvidavam. Após a pandemia, as vendas online tiveram uma queda, mas permaneceu maior do que antes porque o consumidor aprendeu e criou relação com a loja.
Seguindo essa vertente do online, vimos na NRF um refrigerador em holograma, com produtos em catálogo. No holograma, ele consegue ver o produto sem ele estar de fato ali. Essa é uma aposta na compra à distância, mas de maneira que o consumidor esteja em contato com o produto.
Já pensando na ruptura, a RP Info possui parcerias com empresas que utilizam uma câmera, integrada com o PDV, que acompanha a frente de caixa para evitar fraudes. Algumas teclas acionam automaticamente a câmera, que tem fita detalhe para aparecer no software. Isso tem validade jurídica e gera alerta na hora para o fiscal e trava o caixa.
Outro assunto muito discutido na NRF foi o ESG. O consumidor está mais atento a essas questões e demonstrar cuidado com o meio ambiente pode virar um grande apelo de marketing e um forte diferencial competitivo. Na RP Info, estamos em um caminho que é tentar parar emissão do cupom e apoiamos isso por meio do Cupom Verde, que traz economia de impressão e tem forte viés sustentável.
Portanto, essa edição da NRF foi importante para mostrar que as tendências vão além da tecnologia. É crucial investir nas pessoas e na execução bem feita do básico. Estar presente em eventos como esse é uma oportunidade de conhecer o que há de novo, entender as dores do varejo mundial e sair com ideias para novas soluções. Porém, sempre filtrando o que é relevante para cada negócio e colocando em prática uma abordagem estratégica e adaptada ao perfil da empresa e de seus consumidores.
*Tiago Nascimento é formado em Gestão de Negócio e possui uma trajetória de 20 anos na RP Info, atualmente no cargo de diretor comercial. Para se manter atualizado no mercado, busca constantemente por inovações e experiências voltadas ao varejo ao redor do mundo. Desde 2013, ele participa da NRF Big Show. Sempre na vanguarda, o profissional também buscou ideias em visitas técnicas realizadas em redes referência em âmbito internacional. Ele visitou empresas da Filadélfia, Portugal, Holanda e França. Também participou da Euroshop, na Alemanha, e de um renomado evento na Espanha sobre conhecimento em supermercados.